Tudo sobre tecidos – Parte 3: Usos – Casa, decoração e patchwork

O *Quero Aprender a costurar*, abriu uma discussão sobre os usos dos tecidos com algumas blogueiras e amigas da comunidade do Como Faz no Flickr.

A Rachel Matos, consultora de moda com bastante experiência em lingerie, já deu suas dicas falando de tecidos para lingerie. A Carol Grilo, da FofysFactory, falou sobre tecidos para necessaires e carteiras, forros e afins. Emy Kuramoto, do Tofu Studio - Design Independente contou a história dela com a costura e com seus paninhos prediletos para bolsas e acessórios.

Hoje você vai conhecer um pouco mais sobre a Ana Matusita, do Ana Sinhana.

A minha paixão por tecidos é muito antiga e veio bem antes de qualquer habilidade mínima com a costura. Como eu cresci vendo minha avó costurar, parte do trabalho era ir “comprar fazenda“, como ela costumava dizer. E fui pegando gosto pelas cores, pelas diferenças de textura, pelos padrões.

products-300-185-d6d5ef265db6500274a33fe6ca79dcef

Muitas vezes, comprei tecidos e mandei fazer roupas, que nem sempre ficavam do jeitinho que eu queria. Em parte por conta da habilidade das costureiras mas, em grande medida, por causa do material usadao, já que o caimento depende do tipo de tecido. E isso a gente só aprende com o tempo. Por exemplo: uma saia rodada, do tipo godê, fica melhor feita com tecidos leves, menos encorpados; já calças justas de tecido fino marcam muito e não ficam elegantes.

Do mesmo jeito, os acessórios pra uso pessoal e para a casa pedem por texturas apropriadas. Adoro trabalhar com o algodão, que é fácil de costurar, não deforma facilmente e é resistente, perfeito para patchwork, pois combina bem a maciez e resistência na hora de montar camadas aplicadas ou unidas.

185-403f74b2b1c86c85de4dd9944d884b4b

As toalhas de uso diário pedem tecidos mais grossos e encorpados, já que estão expostas às sujeirinhas e manchas do dia-a-dia e precisam ser levadas frequência. Gosto dos algodões mais encorpados e de largura maior que a tricoline já que, muitas vezes, aparecem grandes mesas para serem cobertas. Porém, nada impede de se usar aquele algodão lindo estampado, desde que a lavagem seja cuidadosa, um ponto importante para preservar o tecido. E, claro, a versatilidade do algodão é muito bem aproveitada em outras peças que levem forro de manta acrílica e verso/ lado interno de outro tecido. Acho legal usar tecidos de boa qualidade também na parte interna e nos avessos, porque faz parte do bom acabamento da produto e usar um tecido inferior compromete a beleza final.

185-454458f209e80c29425f065bb8c3adb2

Para a parte de trás das almofadas de patchwork, por exemplo, gosto de usar sarja de espessura média, lisa e em cores que combinem com a peça. É mais encorpada e confere estrutura, sem ter o toque seco de tecidos muito grossos. Quase nunca utilizo tecidos sintéticos, um pouco pela sensação ao toque (algodão é tão mais macio!) e também pelo estranhamento que me causa usar dois tecidos que causam sensações tão diferentes juntos. Mas já combinei, por exemplo, algodão e seda pura num patchwork e achei que ficou lindo.

Na verdade, acredito que apesar de algumas regrinhas básicas na hora da escolha do tecido para cada criação, vale muito o bom senso que deve levar em conta: uso final do produto, tipo de lavagem (que deve ser indicada na etiqueta da peça) e, claro, a criatividade na hora de pensar a melhor combinação possível do material.

Ana Matusita

“Comprar fazenda”, gente, isso é MUITO vovózinha, né? :) Amei… Deu muita saudade da minha. E adorei a dica de combinar algodão e seda pura em patchwork.

Se você não acompanhou a série sobre tecidos, no primeiro post o assunto foi construção, que é o processo usado para fazer tecido. Na segunda semana falamos sobre composição: do que o tecido é feito.

Fique de olho que ainda tem novidade essa semana!

Veja também:

Tudo sobre tecidos – Parte 3: Usos – Bolsas e acessórios

O *Quero Aprender a costurar*, abriu uma discussão sobre os usos dos tecidos com algumas blogueiras e amigas da comunidade do Como Faz no Flickr.

A Rachel Matos, consultora de moda com bastante experiência em lingerie, já deu suas dicas falando de tecidos para lingerie. A Carol Grilo, da FofysFactory, falou sobre tecidos para necessaires e carteiras, forros e afins.

Hoje a palavra é da Emy Kuramoto, do Tofu Studio - Design Independente. A Emy fala da história dela com a costura e com seus paninhos prediletos.

É normal pensarem que costuro desde sempre, que fui uma daquelas crianças mega-prendadas que costuraram desde que se entendiam por gente, imitando a mãe ou a avó. Mas não, este não foi o meu caso! Comecei a costurar depois de adulta! Antes eu alinhavava alguma coisa aqui, pregava algum botão ali, mas nada que eu levasse muito a sério ou que me afeiçoasse tanto a ponto de largar uma tarde de brincadeira com as amigas. Também não fiz nenhum curso. Tudo foi muito intuitivo e fiz muita engenharia reversa - já desmontei aquela roupa que eu amava e estava velhinha para entender os moldes e os acabamentos, coisa que minha mãe fazia em casa de vez em quando (achava isso fantástico!). Também já quebrei muito a cabeça para entender alguns processos construtivos. A confecção de uma peça depende muito das etapas, que devem ser seguidas criteriosamente para evitar erros e facilitar a montagem. O problema é que para descobrir a ordem destas etapas, é preciso muita paciência, é como montar um quebra-cabeças. Provavelmente uma professora ou um tutorial poderiam ter me ajudado, mas como eu tinha muito mais tempo que hoje (ô tempo bom!), aprendi na marra, observando, tentando e errando muito. Acho que eu estava, digamos, um tanto obcecada por aprender a costurar e passava horas e horas entretida com isso. A maior vantagem de ser auto-didata é que eu aprendi a pensar por mim mesma, aprendi a inventar processos, sem ficar dependente da tutela de algum curso ou apostila. A desvantagem é que você precisa de muito mais tempo e muita dedicação. Mas qualquer processo de aprendizado e válido se funciona para você! O importante mesmo é ter muita vontade e empenho!

Bolsa-carteira-Yuko1

Bom, como o assunto aqui é tecidos, vou contar um pouco da minha experiência na lida com os vulgos paninhos. Vou fazer aqui um grande elogio às fibras naturais, porque, na minha opinião, o homem ainda não conseguiu inventar uma fibra mais eficiente do que aquelas que a natureza nos dá. Se você fizer um vestido de seda sintética (acho que banalizaram o termo “seda”, mas tudo bem) e um de seda de verdade, verá que os 2 vestidos serão completamente diferentes! Para ilustrar, vou colocar nos seguintes termos: imagine um casamento modesto e a festa do Oscar… visualizou? Não, não é que as pessoas mais humildes tenham necessariamente mau gosto e eu não estou desdenhando ninguém, é que os tecidos sintéticos, geralmente, são muito mais baratos e se alastraram pelas lojas de noivas, mas em geral não têm um caimento e um toque tão bacana como os naturais, fora que eles não deixam a pele transpirar. Então se você viu um vestido lindo no Oscar, quer fazer um parecido, mas é beeem exigente, não economize no tecido, porque pode ser uma frustração só e ficar bem diferente da sua referência. Uma organza sintética, por exemplo, não tem nada a ver com uma organza de seda, acreditem. A sintética fica armadinha, não é obediente, enquanto a de seda-seda, cai gentilmente pelo seu corpo formando uma silhueta esguia, esvoaçante, linda! Até os homens percebem bem a diferença: pergunte para um yuppie o que ele acha do nó de uma gravata de seda e verá que a diferença para uma gravata sintética é gritante.

chapau-marie1

Aqui no Tofu Studio a maioria dos tecidos são planos (não usamos malhas) e 100% algodão. Usamos muito o tricoline de algodão por ser um material mais versátil e que dispõe de mais cores e estampas no mercado, mas sempre optamos por tecidos com tramas mais fechadas, ou seja, mais fios na composição. Isso confere uma aparência e uma qualidade melhor ao produto final. Uma dica preciosa é estar sempre atento às tonalidades e às padronagens dos tecidos, pois um mesmo tecido do mesmo fabricante pode estar mais claro ou escuro do que aquele que você comprou no mês passado, dependendo do lote. E aquele tecido de poás com falhas na estampa, com algumas bolinhas apagadas? É o fim… Aqui no Brasil infelizmente isso é recorrente (acredito que não há um padrão de qualidade muito sério rolando nas indústrias).

nice_01

Também usamos muitos tecidos de algodão pesado (sarjas, brins e lonitas). Eles permitem confeccionar bolsas mais robustas e alças mais firmes, que vão garantir uma durabilidade maior e uma consistência melhor para o produto. É importante lavar os tecidos de algodão antes de usá-los para que eles encolham e não provoquem nenhuma deformação na peça pronta, também é recomendável checar se o tecido solta tinta em excesso, para que não cause manchas em lavagens futuras.

bolsa-mieko

Outra vantagem dos tecidos de algodão é que eles são mais fáceis de trabalhar. Uma de suas características mais bacanas é que ele permite o vinco (com ferro ou com vincador) e tolera altas temperaturas. Os sintéticos ficam, de novo, devendo nesses quesitos, pois para vincá-los, só com ferro morno e com um tecido de algodão úmido entre o ferro e o tecido a ser vincado. Outra vantagem é que o algodão permite que a pele transpire. Eu não entendia muito bem porque isso ocorre, mas um dia destes vi um documentário da TV a cabo que elucidou bem o assunto. A fibra do algodão é oca e fofa! Ela tem ar no meio da fibra, como se fosse um tubinho. Isso permite que o tecido funcione como um isolante térmico, ou seja, no calor o tecido mantém o corpo fresco e no frio, quente. Genial! Tô pra ver alguma fibra sintética que substitua o algodão… Para quem é curioso e gosta de pesquisar sobre a história dos materiais, como eu, fica a dica do programa Maravilhas Modernas: cotton (é só jogar no youtube). É muito instrutivo!

Emy Kuramoto

Mais duas dicas sobre o Tofu:

1. Não deixe de conferir as fotos do studio. Coisa mais linda o espaço deles.

2. Se você gosta de moda e estilo, o blog da Emy é obrigatório. Muita coisa linda e inspirações.

Adorei ela falar sobre ter começado a costurar depois de adulta. Eu comecei velha, já!

Também quer aprender? Não fica com medo, não. Mete as caras e manda ver :) Você vai se divertir muito, garanto!

Se você não acompanhou a série sobre tecidos, no primeiro post o assunto foi construção, que é o processo usado para fazer tecido. Na segunda semana falamos sobre composição: do que o tecido é feito. Confira!

Veja também:

Tudo sobre tecidos – Parte 3: Usos – Necessaires, carteiras…

No país das maravilhas

Continuando com os últimos posts da série sobre Tecidos do *Quero Aprender a costurar*, agora discutindo um pouquinho os usos dos tecidos com algumas blogueiras e amigas da comunidade do Como Faz no Flickr. A Rachel Matos, consultora de moda com bastante experiência em lingerie já deu suas dicas falando de tecidos para lingerie.

Hoje é a vez da Carol Grilo, da FofysFactory, falando sobre tecidos para necessaires, carteiras, bolsas, forros e afins.

A FofysFactory surgiu da minha experiência com feltro.
Tecido macio, quentinho, que me remete à infância.
Como comecei a usá-lo para fazer ilustrações recortadas, ele foi perfeito.
Fácil de cortar, não desfia como outros tecidos, e está disponivel em muitas cores.

A primeira peça da FofysFactory foi a ‘classic felt bag’, bolsinha quadrada em feltro, com aplicação em feltro e com fechamento em zíper.
A durabilidade do feltro é menor e ele requer um cuidado maior para lavar, ou seja, somente a mão.

Bolsinha de feltro 3

Com o tempo e crescimento da FofysFactory, começamos a produzir mais peças e a introduzir modelos novos.
Também optamos por usar mais a tricoline, tecido em algodão, que dura bem mais, além de certas peças poderem ser lavadas à máquina.
A tricoline é ótima para fazer bolsas maiores, nécessaire. Qualquer modelo se dá bem com o tecido de algodão.
Gosto muito da anarruga, por ter uma texturinha e ser mais encorpada. Acho que dá um acabamento legal para as peças.

Os tecidos de algodão japoneses, muitas vezes parecem um linho. São mais ‘durinhos’ . Gosto muito de usá-los para peças, como o porta-cartões, para dar um efeito mais rígido.
Claro que para tecidos mais moles usamos a entretela, que sempre resolve nesses casos.

Japanese

Certa vez, fiz uma experiência com o soft, tecido super macio.
Ele tem uma durabilidade boa, além de ser super macio ao toque, ideal para peças como almofadas, que fizemos com ele.

Nuvens...

Na FofysFactory quase não utilizamos malhas, apenas para o forro de algumas peças. Ela se comporta bem para esta finalidade. Porém, para lidar com esse material, é essencial ter uma máquina overloque.
Para forros, de vez em quando usamos o failete, que é muito bom para essa finalidade, mas super chatinho de trabalhar, pois desfia muito e ‘trabalha’ ao costurar.

Espero que nossas dicas sejam úteis aos leitores do blog ‘Como faz’.

beijos,
Carol

Legal, né? Adoro as coisas dela :D

Se você não acompanhou a série sobre tecidos, no primeiro post o assunto foi construção, que é o processo usado para fazer tecido. Na segunda semana falamos sobre composição: do que o tecido é feito. Vale a pena conferir!

Veja também:

Tudo sobre tecidos – Parte 3: Usos – Lingerie

Essa semana vou terminar a série sobre Tecidos do *Quero Aprender a costurar*. No primeiro post, o assunto foi construção, que é o processo usado para fazer tecido. Na segunda semana falamos sobre composição: do que o tecido é feito.

Agora discutimos um pouquinho os usos dos tecidos com algumas blogueiras e amigas da comunidade do Como Faz no Flickr. Para começar, chamei a Rachel Matos, que é consultora de moda com bastante experiência em lingerie e me ajudou muito na pesquisa para os posts da série. Aproveitei que ela sabe tudo do assunto e pedi pra ela falar um pouco da escolha de tecidos para roupa íntima.

Gil-Elvgren-Pin-Up-pin-up-girls-5444042-442-600

Lingerie pode não parecer mas é uma parte do vestuário feminino SUPER difícil de fazer! Principalmente os sutiãs que são peças complexas que precisam ter características específicas para cumprir sua função primordial: sustentar os seios. E o tecido usado na peça tem tudo a ver com isso!

É possível confeccionar lingerie com todo tipo de tecido, mas o melhor resultado é em geral usando tecidos que tenham elastano na composição, de pelo menos 5%. Assim as palas dos sutiãs ficam mais elásticas e vestem melhor, proporcionando maior conforto. Os bojos (ou copas) dos sutiãs podem ser de tecido elástico ou não, depende do uso.

Quando os seios são grandes e precisam de sustentação a melhor opção é ter o bojo de tecido SEM elastano, como rendas rígidas, laise de algodão, tecidos bordados, cetim etc. Assim o tecido ajuda a segurar o peso dos seios e também a não sobrecarregar o peso nas alças. Para quem tem seios pequenos ou médios, que não precisam de tanta sustentação, o sutiã pode ser todo de tecido com elastano, como malhas de algodão ou poliamida, bastante confortáveis!

As calcinhas são mais simples e em geral ficam mais confortáveis e bonitas em tecidos com elastano. Tecido sem elastano na parte de trás da calcinha dá aquele efeito de “coador de café”, sabe? Aquela aparência de que tem tecido demais ali! A melhor combinação é usar tecido com elastano na parte de trás e um tecido mais bacana ou trabalhado na frente, como renda, bordado etc.

Pra finalizar, é importante saber que hoje em dia existem tecidos tecnológicos que podem ser usados na confecção de peças íntimas e que NÃO DÃO ALERGIA, ao contrário do que muitos médicos pensam, e se limitam a indicar o uso de peças de algodão. Poliamidas de qualidade trocam calor com o corpo (ou seja, não ensopam com a umidade do calor) e por isso não permitem a proliferação de bactérias.

Rachel Matos
Consultora de Estilo
bloga no sobre casa e decoração no Casinha

Veja também:

Tudo sobre tecidos – Parte 2: Composição

Spoonflower fabric comparison

Continuando a série sobre Tecidos do *Quero Aprender a costurar*, neste segundo post o assunto é composição: do que o tecido é feito. No primeiro post, o assunto foi construção, que é o processo usado para fazer tecido. No terceiro, semana que vem, discutimos um pouquinho os usos dos tecidos.

Construção versus composição

É muito comum ouvir alguém se referindo a um tecido pela composição, não é? O algodão, por exemplo. Não adianta muito alguém dizer que precisa de um retalho de algodão, se não especificar se é uma malha de algodão, sarja de algodão, voil de algodão…

A construção é importante para escolher o melhor uso para cada tecido, seja ele de algodão, viscose ou seda. Dependendo da construção, a fibra pode ser mais ou menos resistente. Pense na diferença entre um brim de algodão e um voil de algodão, por exemplo. É tudo algodão, mas os usos não poderiam ser mais diferentes!

Sintéticos e naturais

As fibras naturais são vegetais ou animais e só! As fibras vegetais são as feitas de celulose, como o algodão e o linho. A qualidade do algodão (que tanto se fala!) depende do tamanho e espessura da fibra: quanto maior melhor e mais resistente.

As fibras animais vem do pêlo de animais (todas as peles) e no caso da seda, vem do bicho da seda.

Os tecidos sintéticos são feitos de fibras geradas por processos químicos que utilizam petróleo. O poliéster, o acrílico e o elastano são fios sintéticos. Os nomes dos tecidos, como Supplex, Tactel, Lycra, Nylon, são todos nomes comerciais criados pelas empresas fabricantes de cada fibra. A Lycra não existe como tecido, e sim uma fibra com fio de elastano da marca Lycra. Um exemplo disso é o algodão com Lycra, que mescla fibras de algodão com fios de Lycra, que dão aquele efeito elástico.

Fabric storage

Os tecidos sintéticos também podem ter diferentes tipos de construção: planos, malhas, cetim (tem muito cetim de poliamida por aí!) etc.

A viscose (e as mais modernas, como Liocel, Modal etc) tem origem na celulose, que é natural, mas é uma fibra obtida por um processo químico, o Rayon. Como o Rayon é um processo artificial, eles são considerados tecidos sintéticos, afinal, nenhum deles simplesmente existe naturalmente.

Essa mistura de fibras naturais e sintéticas na composição é muito comum por aí e não existe uma diferença de qualidade entre os dois tipos. Tudo depende do uso, do objetivo e da qualidade dos fios utilizados na construção do tecido. Existem algodões de baixa qualidade, poliamidas de altíssima e vice-versa.

No próximo e último post da série vamos conversar com algumas pessoas sobre seus tecidos preferidos, dicas e indicações. Convidei muita gente legal! :D

Se você também quiser participar do último post contando quais sãos os seus paninhos preferidos e por que, tem um tópico especial pra isso na comunidade do Como Faz no Flickr. Vai lá e escreve dando o seu pitaco!

Para pesquisar mais sobre tecidos:

Dúvidas?? Falei alguma besteira?? Diz aqui nos comentários!

Veja também:

Tudo sobre tecidos – Parte 1: Construção

Tecidos, gente, quem não ama?

Pois então… Tanta coisa pra falar que eu não sabia nem por onde começar. Por fim, vamos fazer o seguinte: Pra organizar todas as informações, vou classificar nossos paninhos por construção, composição e usos.

Neste primeiro post, o assunto é construção. A construção é o processo usado para fazer tecido. No segundo post, o assunto será composição, ou seja, do que ele é feito. Pra terminar, vamos discutir um pouquinho os usos dos tecidos, mas vamos discutir mesmo: quero que cada um dê a sua opinião sobre qual o tecido mais indicado para qual tipo de projeto, ok?

Não vou prometer um por semana, porque seria loucura, mas prometo me engajar na pesquisa e nas entrevistas! :) Palavra de escoteira.

Vamos lá…

Tecido plano - Processo de tecelagem

É feito entrelaçando os fios de da trama e do urdume.

tecidos-art-fio

O processo tem três passos:

1. Abertura da cala: Formar a manta do urdume fazendo duas camadas, uma mais alta e uma mais alta.
2. Inserção da trama: Por baixo da manta do urdume ou por cima da manta do urdume.
3. Batida do pente: Quando o tecelão ou a máquina junta os fios da trama que foi inserida.

A abertura da cala é o que define o ligamento do tecido, ou seja, o ligamento (ou padrão) do tecido é definido acordo com a escolha dos fios que vão estar na camada mais baixa e na camada mais alta do urdume.

Existem alguns ligamentos básicos de tecelagem:

Ligamento tela ou tafetá
É o mais simples. A trama do ligamento tela cruza o urdume passando um fio por cima e um fio por baixo, sucessivamente. Na volta, urdume que estava por cima, fica por baixo. Quanto mais grosso for o fio e quanto mais próximas estiverem as carreiras, mais firme será o material. Entre os tecidos de ligamento tela estão o chiffon, o mousseline, a organza, o shantung e o tafetá.

tecidos-tafeta

Ligamento sarja
O ligamento sarja tem uma repetição mínima de três fios de urdume e de trama, formando uma diagonal.

tecidos-Padr21

O entrelaçamento diagonal é bem mais firme que o ligamento tela. Essa firmeza também deixa o ligamento sarja mais resistente a sujeira, mas torna lavagem mais difícil. Entre os tecidos com ligamento sarja estão o brim, o denim/jeans, a sarja, o tweed e o gabardine. No avesso desses tecidos você vê claramente a diagonal.

tecidos-sarja

Ligamento cetim
É bem parecido com a sarja, mas costuma ter repetições de cinco a doze fios de urdume e trama. No cetim, a diagonal não é tão visível porque o número de repetições é muito grande. Essas repetições deixam o tecido liso e brilhante. Usam esse tipo de ligamento o cetim, o crepe de seda e o veludo de seda.

tecidos-cetim

Em cima desses ligamentos básicos também foram criados outros ligamentos, mais complexos. Um deles é o jacquard, que é aquele entrelaçado fio a fio, formando desenhos.

tecidos-jacquard

Malha - Processo de malharia

A malha é feita entrelaçando os fios sempre no mesmo sentido: ou todos na trama ou todos no urdume. O processo de malharia é feito com agulhas e é bem parecido com o tricô.

tecidos-Knit-schematic

Meia-malha
É uma malha bem leve, com a estrutura mais simples do que a malha comum.

tecido-meia malha

Piquet
O piquet é uma combinação de algodão e poliéster, bem resistente. Ele encolhe pouco e tem uns micro furinhos, que dão uma textura leve e deixam a pele respirar bem.

tecidos-piquet

Moletom
No moletom, a estrutura de malha é feita com uma espécie de lã, o que faz dele um material bem macio, flanelado dos 2 lados. O entrelaçamento deixa os fios do lado de dentro da malha soltos e, ao passar pela “peluciagem”, eles ficam fofinhos e quentes, porque não deixam o calor do corpo passar pra fora da roupa.

tecidos-moletom

Ribana
A estrutura da ribana é feita em teares duplos, dando um efeito canelado que deixa a malha bem elástica, maleável e, consequentemente, muito confortável.

tecidos-ribana

Não-tecido - Processo químico, mecânico ou térmico

Os não-tecidos são feitos de fibras presas por processo químico, mecânico ou térmico que gera uma espécie de manta com os filamentos. São chamados de não-tecidos porque não passam por nenhum tipo de tear. O nosso amado feltro, por exemplo, é feito assim.

tecidos-felts

Depois de entrelaçar as fibras em uma máquina, ele passa por um processo químico que deixa todas elas grudadas permanentemente. O TNT também é feito com um processo parecido.

tecidos-TNT

E o que mais tem por aí?

Além do tecido plano, da malha e do não-tecido, ainda temos pele, renda, entre outros, mas acho que estes são os que geram mais dúvidas, mesmo.

Gostou? No próximo post vamos falar sobre a composição dos tecidos.

Para pesquisar mais sobre tecidos:

Dúvidas?? Falei alguma besteira??

Deixe aqui nos comentários!

Veja também:

Tudo sobre linhas de costura

Você acha que linha é linha e pronto?

Nada disso minha filha! Cada tecido, projeto ou tipo de costura pode precisar de uma linha diferente.

Primeiro, as regrinhas básicas

Procure sempre utilizar linhas de algodão para costurar em tecidos de fibra natural e linhas sintéticas para costurar tecidos sintéticos. Tecidos grossos, porém, mesmo sendo naturais, devem ser costurados com linhas sintéticas.

Cuidados

linhas poliester para bordado SYLKO

Se você costurar um tecido sintético com linha de algodão, após a lavagem, a linha pode encolher e franzir a costura. Por outro lado, como as fibras sintéticas são mais elásticas do que as fibras naturais, o tecido pode também arrebentar a linha durante o uso.

As linhas suportam temperaturas diferentes. Se você costurar uma peça de linho com linha de poliéster, quando passar o ferro no linho (que requer uma alta temperatura) as linhas de poliéster podem derreter.

Não use linhas metálicas em tecidos claros. A linha pode enferrujar e manchar o tecido.

O que preciso considerar na minha escolha, então?

Força - A linha precisa ser tão forte quanto o tecido. Se você usar uma linha fraca em um tecido grosso, ela vai arrebentar. Um bom teste de firmeza pra linha é tentar arrebentá-la com a mão. (Cuidado pra não se cortar!)

Suavidade - Para trabalhar com tecidos finos e leves, procure uma linha bem lisinha. Para tecido mais grossos, linhas mais grossas. Para saber se a linha é bem lisinha, passe o fio com cuidado no lábio. (De novo: Cuidado pra não se cortar!)

Espessura - Você vai precisar de um fio fino para tecidos delicados e um espesso para trabalhos decorativos e bordados. Use linhas mais grossas também para tecidos com trama aberta, assim você tem menos risco de ter um fio puxado depois.

Elasticidade - Se o tecido que você está costurando for mais elástico, a linha vai precisar ser mais elástica também. Para testar a elasticidade de um fio, estique-o e meça com a fita ou a régua o quanto você consegue puxá-lo antes de arrebentar. Depois compare com a elasticidade do tecido.

Cor - Você pode escolher usar uma cor coordenando com as cores do tecido ou até mesmo contrastando. Depende do efeito. Agora, se o tecido tem duas cores, como xadrez ou listrado, uma dica é optar pela cor mais escura. Teoricamente, o olho humano repara mais em um detalhe claro em uma base escura do que o contrário. Usando a cor mais escura você consegue dar uma disfarçada na costura.

Os tipos de linhas mais comuns são as de algodão, as sintéticas e as mistas.

Linhas de algodão

linhas algodao

Linhas de algodão mercerizado
Indicadas para seda pura, viscose, cambraia, linho, popeline, brins, chitão, cretone, tricoline, popeline e outros tecidos de fibra natural. Para tecidos médios e finos você pode usar agulhas 7, 8 ou 9 para costurar a mão. Costurando a máquina, as agulhas são 11 ou 14. Você vai encontrar em todas as cores possíveis e imagináveis.

Linhas glacê

linhas algodao glace

As glacê você encontra somente nas cores branca e preta. Encorpadas e resistentes, vão bem em couros, lonas, brins grossos… São produzidas nas seguintes espessuras: 24 (mais grossa), 30, 40 e 50 (mais fina). As linhas de algodão glacê são mais resistentes à abrasão do que as linhas de algodão mercerizadas.

Linhas sintéticas

Linhas para pespontar

linhas poliester pesponto

Maleáveis e macias, são indicadas para arremates e acabamentos. Deslizam na agulha e amarram bem os pontos para pregar botões, alinhavar, fazer casas e bainhas. Brilhante, as linhas tem cores vivas e acabamento acetinado pra dar uma vida ao pesponto, que fica sempre aparente. Costurando à mão, use agulhas 3 ou 6 e a máquina, 16 ou 18.

Linhas comuns de poliéster

linhas poliester

Também em todas as cores, as linhas de poliéster costuram seda, lingerie, microfibra, crepe, tafetá, camurça, cotton lycra, plush, meia malha, suedine, lycra e todos os tecidos sintéticos.
Para tecidos médios e finos utilize agulhas 7, 8 ou 9 para costurar a mão e 11 ou 14 para máquina. Para tecidos mais grossos, costure com a número 3 a mão ou 16 ou 18 a máquina.

As linhas usadas em overloques também são de poliéster, mas overloque é assunto pra outro post!

Linhas mistas

As linhas mistas são feitas de poliéster e cobertas com algodão. A idéia é ter uma linha que seja fina e resistente ao mesmo tempo, para fazer um acabamento leve e que seja suave ao toque.

linhas 63 Poliéster 37 Algodão

Gostou? Ui! Demorou mas saiu mais um post da série!

Para pesquisar mais sobre linhas:

Dúvidas?? Falei alguma besteira? Sugestão para o próximo post do * Quero aprender a costurar! * ?

Deixe aqui nos comentários!

Veja também:

Café com costura? No Rio tem.

Lembra que falei aqui do Café em Paris que tem máquinas de costura a disposição dos clientes?

O pessoal do Café Costura do Rio de Janeiro, entrou em contato comigo para falar do projeto deles, que tem a mesma inspiração.

Aproveitando o convite da Guaíra e da Giselle pedi pra minha amiga Rach, do Casinha, dar uma passada lá pra me contar o que há de bom por lá…

Ela me contou que a proposta é muito legal. Quem curte costurar ou quer começar a se aventurar já tem refúgio: o ateliê fica em uma rua tranquila de Ipanema, num sobrado super charmoso. Lá, o Café Costura e a Benvinda, formam a Casa Benvinda.

detalhe na porta da varanda

A ideia do espaço é muito bacana: um curso de costura onde as alunas colocam a mão na massa desde a primeira aula. As aulas são semanais e cada pessoa leva o que quer fazer. Você pode levar uma roupa que gosta muito e copiar, um molde, um desenho ou até mesmo uma foto. Lá também tem um acervo de revistas nacionais e importadas pra servir de inspiração pra quem não chega com um modelo na cabeça. Mas não é só roupa, não: você pode fazer um projeto de costura pra casa, como almofadas, cortinas, toalhas… Cada um evolui individualmente no seu projeto, mas a troca com as outras alunas ajuda muito e, claro, a ajuda da professora. Os horários são super variados e você também pode marcar um horário particular. Não precisa ter nenhum conhecimento prévio de costura, nem a mão, nem a máquina. Elas ensinam tudo na aula.

almofada de crochê

Não é uma doceria ou café, como em Paris, mas tem sempre café e biscoitinhos para as alunas.

Materiais como tesouras, alfinetes, fita métrica e os aviamentos como linha, botão e zíper, tudo você encontra lá. Os tecidos você que escolhe, compra e leva pra sua peça. O curso não tem duração certa e cada pessoa decide se quer continuar ou não, com um novo projeto. O importante é você sair de lá com a sua peça na mão!

revistas e café

A Rach falou uma coisa muito legal: O mais bacana é realmente este resgate do prazer de costurar, independente de ter ou não máquina em casa, e aprender a costurar aquilo que te interessa. Vale pelo prazer, pelo aprendizado, pela reciclagem (para as pessoas que já têm noção de costura) e pela peça que fica pronta no final e feita por você! Ela também disse que o ambiente é alegre, descontraído, com gente de todas as idades - de adolescentes a senhorinhas que preferem ir para o Café do que fazer suas costurinhas em casa, sozinhas.

mesa de costura

A Guaira, que é a mãe da idéia do curso, dá as aulas com mais uma pessoa. A Giselle cuida da marca Benvinda. E não pense que lá é um clube da Luluzinha não: elas contaram que já tiveram até um aluno homem que foi pra lá porque queria fazer o vestido de noiva da mulher!! Imagina???

Quero agradecer a Guaíra e a Giselle por terem recebido a Rach super bem, e por terem sido muito simpáticas e receptivas.

arara

Assim que eu for ao Rio de novo, pode ter certeza que passo lá!

E se você gosta de casa e decoração e, assim como eu, não abre mão ter o seu canto com charme, mesmo que com pouco dinheiro, vai lá no blog da Rach, o Casinha, pra ver um monte de dicas maneiras!

Veja também:

Flores de tecido: Organza, fuxicos, rosas…

O Threadbanger postou dois vídeos com PAPs de flores tecido. Os tutoriais estão em inglês, mas o vídeo é bem didático.

O primeiro mostra o yo-yo, que é o nosso fuxico, e duas flores de organza: a com o acabamento queimado nas bordas e a mais fofinha.

O segundo vídeo mostra dois modelos de rosas e flores de kanzashi,

Veja também:

Café com costura

O sonho dourado da minha vida é ter um café.

Até esses dias, achava que o meu cafpe dos sonhos seria como a doceria do filme coerano Antique: muitas doçuras, um balcão que dá para a rua e um arzinho retrô.

Mas aí eu dei de cara com essa dica no Danysse. O Sweat Shop é um café em Paris que é a versão costureira dos cyber cafés. Você senta lá, toma café e trabalha, mas na máquina de costura!

sweat-shop-03-508x344

Lindo, não?

sweat-shop-06-944x679

Fotos: Sweat Shop

Esse café me lembrou outra dica gringa que vi no Dia de Beauté, o Powder Room. Esse é um salãozinho retrô em Londres, que faz cabelo, maquiagem, manicure e ainda vende uns produtinhos…

powderroom2

Olha o uniforme das meninas:

powderroom3

Fotos: Dia de Beauté

LUXO!

Veja também: